O belo tem um papel não só na arte mas também na ciência. E é por isso que não nos devemos admirar que um conceituado jornalista norte-americano que escreve para o "New York Times" e para a "Scientific American" tenha escrito um livro sobre as "dez experiências mais belas da ciência" ("The ten most beautiful experiments", George Johnson, Knopf, 2008). Um "top ten" deste tipo será sempre subjectivo e para o leitor poder reconhecer isso mesmo aqui vai a lista (por ordem cronológica):
1- lei do movimento dos graves num plano inclinado (Galileu),
2- o coração é uma bomba (Harvey),
3- decomposição da luz branca (Newton),
4- identificação do oxigénio (Lavoisier),
5- electricidade animal (Galvani),
6- indução electromagnética ( Faraday),
7- conversão de trabalho em calor (Joule),
8- inexistência do éter (Michelson),
9- reflexos condicionados nos cães (Pavlov) (em cima, figura do livro de Johnson; escolhi esta para chamar mais a atenção...),
10- determinação da carga do electrão (Millikan).
Desta lista 7 experiências são de física, 1 de química e 2 de biologia/medicina (embora a experiência das rãs de Galvani tanto possa ser classificada na física como na biologia).
A revista "Physics World" do Instituto de Física britânico já tinha escolhido em 2002 as 10 experiências mais belas de física, escolhidas por votação dos leitores e anunciadas num artigo do filósofo Robert Crease. Curiosamente, 3 coincidem com a lista de cima: as experiências de Galileu, de Newton e de Millikan. As outras 7 são:
1- a medida do raio da Terra (Eratóstenes),
2- a queda dos graves na torre de Pisa (Galileu, mas provavelmente nunca foi feita por ele),
3- a "pesagem da Terra" (Cavendish),
4- a experiência da interferência da luz com uma dupla fenda (Thomas Young), que foi considerada a mais bela (esta experiência pode ser vista no Museu da Ciência de Coimbra, tal como a experiência de decomposição da luz de Newton, no quadro da exposição "Segredos da Luz e da Matéria"),
5- o pêndulo giratório (Foucault),
6- a detecção do núcleo atómico (Rutherford),
7- a experiência da interferência de electrões (Davisson e Germer, por um lado, e G.P. Thomson, por outro).
Estas experiências podem ser vistas em simulações aqui. Um livro de Robert Crease apresenta estas experiências em mais pormenor: "The Prism and the Pendulum. The ten most beautiful experiments in science", Random House, 2003.
Os químicos não quiseram ficar para trás e um conhecido escritor de química Philip Ball escreveu um livro apresentando dez belas experiências de química: "Elegant solutions. Ten beautiful experiments in chemistry", Royal Chemical Society, 2005 (ganhou um prémio em 2008 da Btitish Society for the History of Science). Aqui trata-se mais de distinguir belos conceitos, sumariados assim pelo filósofo alemão Joachim Schummer:
1-"exact quantification (van Helmont)
2- attention to details (Cavendish)
3- patience in the conduct of the experiment (Marie Curie),
4- elegance in the design of the experiment (Ernest Rutherford),
5- miniaturization and acceleration of the experiment (various nuclear chemistry groups)
6- conceptual simplicity (Louis Pasteur),
7- imagination that transcends common views (Stanley Miller),
8- simple-minded, straightforward reasoning (Neil Bartlett),
9- economy, avoidance of deviations (Robert B. Woodward), and
10- conceptually straightforward design (Leo Paquette)."
Repare-se que a experiência de Rutherford reaparece (Rutherford, que se considerava um físico, ganhou o Prémio Nobel da Química para grande admiração sua: terá mesmo afirmado que já tinha visto muitas reacações rápidas, mas nenhuma tão rápida como a que o transformou de repente de físico em químico...). Há aqui experiências na fronteira com a biologia, como a de Pasteur e a de Miller (e, acrescente-se, Urey).
Inspirado pelo desafio de Crease, a revista "Bioscience" também procurou em 2003 saber junto dos seus leitores qual seria a experiência de biologia mais bonita. Ganharam duas "ex-aequo":
Carlos Fiolhais
falta aqui o jaquim daugusta! um soum exsperiência som!?
ResponderEliminartenho que ler isto em casa com mais calma. estes textos merecem mais atenção.
ResponderEliminarsim mas de facto falta o xequim. 1, experiência. ouuuu!
ResponderEliminarBando de mentecaptos ...
ResponderEliminarMuito bem SPmarrra.
Nunca fui a um museu da ciência...
ResponderEliminarÉ pena.
Na próxima vez vou procurar um.
os museus infelizmente não fazem parte do nosso itenerário.
ResponderEliminarPinturas rupestres com cinco mil anos, encontradas em 2002 na área da Freguesia de Malhada Sorda, Almeida, foram destruídas por desconhecidos, segundo fonte do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC).
ResponderEliminarDe acordo com o arqueólogo e pré-historiador de arte do PAVC, António Martinho Baptista, o sítio era constituído por dois painéis verticais em granito, "ambos decorados com pinturas pós-glaciares em tons de vermelho" que foram "apagadas".
"A mais interessante figura" do conjunto era "uma figura zoomórfica em estilo seminaturalista, a fazer lembrar algumas das representações do Côa e até do Tejo".
"Esta figura parece ter representado uma cerva", mas "a presença de uma longa cauda levou inicialmente à sua classificação como um equídeo, o que a tornaria ainda mais rara no contexto da nossa arte esquemático-simbólica", explicou.
A figura pré-histórica "foi completamente destruída, tendo sido lavada e repicada com a clara intenção de a fazer desaparecer, o que de facto foi conseguido", disse, considerando que se trata de um "crime de lesa-arqueologia", já que os seus autores "apagaram mais de cinco mil anos de História".
António Martinho Baptista, que foi director do extinto Centro Nacional de Arte Rupestre (CNART), relatou que o achado estava em "duas pequenas rochas" que constituam uma espécie de "abrigo" e foi encontrado por um casal residente em Malhada Sorda.
Referiu que após uma primeira deslocação que fez ao sítio, em 2002, "os dois painéis ficaram a aguardar uma melhor oportunidade para o seu estudo", oportunidade que já não se verificou dada a sua destruição.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Almeida, António Baptista Ribeiro, disse que teve conhecimento do sucedido através do casal de Malhada Sorda que fez a descoberta e que "de imediato" comunicou o caso ao PAVC.
"Da parte da autarquia nada mais havia a fazer, a não ser denunciar a situação às autoridades competentes, neste caso o PAVC", referiu, lamentando a "perda irreparável" para o património histórico do concelho.
a pobreza de um povo que age com maldade e ignorãncia.
bichos. uma anologia.
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